RENASCITUDES

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Efeito



A chuva corre...
pelos cantos das ruas,
sensibilizando almas nuas,
levando gente, lixo, emoções.

A chuva corre...
num caminho imprevisto,
levando sêmen e sangue,
luz e amor, ilusões...

A chuva corre...
num ritmo rápido,
levando o meu tempo perdido,
meu passo indeciso,
o meu sentimento.

A chuva corre...
e num correr gracioso,
num lance poético,
até esqueço qual chuva que corre.

É água suja somente,
é a fome derramada pela enchente,
é a mágoa libertando a mente,
é o medo se fazendo improcedente
ou é a vida se fazendo ausente?

A chuva corre...
com ilusões em direção ao infinito
como se a vida se resumisse
em ser só... em fazer tolices...
em ser o quê 
ou sem ser pra quê.

A chuva corre...
perseguindo o lixo afoito,
tropeçando em flores pernoitadas
que a lembrança retomada
redesenha no coração.

Repentinamente a chuva pára.
O sol ressurge.
Os olhos ficam mais claros
e a gente sorri
do sem querer que quis,
do tempo exato perdido,
da ilusão que ficou.

A gente sorri
e tantas vezes
pretende apenas chorar. 

Autoria: Ilka Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário