RENASCITUDES

domingo, 9 de setembro de 2012

Descaminho



As chuvas hão de lavar os teus ressentimentos
A noite extensiva recolherá a fartura de queixas
Caminhante, escutarás a voz dos meus lamentos
Pensarás nos sonhos que partindo me deixas.

Admito, errei descaminhando o corpo da alma
E ele, tão fraco e vaidoso, roubou dela o ego
Na carícia animal, vi que o amor não espalma
Perdoa, meu amor, este âmago tão cego!

A chance que te peço é o reaprendizado
Já vi, não se mata sede com água salgada
Varro meu futuro se te tornares meu passado
Enfim, saberei distinguir o beco da estrada.

Não esperes que a manhã decida por ti
A razão é tão clara, mas inimiga da sorte
Meu dossiê desprezível, o excluí daqui
Refaz comigo a vida que desvia da morte.

Autoria: Ilka Vieira

2 comentários:

  1. Isto é uma riqueza de poema... quanto lirismo, quanta franqueza... E ao final de tudo, linda proposta.
    És grande, Ilka, és tão grande que nem cabes em ti mesma.
    Abraços,
    Guilherme Rozack

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  2. Queria ter escrito esse poema, mas já que não fui dotada do seu talento, parabéns, Ilka Vieira!
    Helena Pinheiro

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