RENASCITUDES

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Desembarque



Vieste numa manhã azul do passado
No esconderijo da concha adolescente
Que saberia guardar bem guardado
O segredo de uma aventura efervescente.

Embarcaste na ânsia de uma descoberta

Que só um descobridor de terras é capaz
Fizeste de uma navegação tão deserta
O roteiro de correnteza da paz...

No trajeto avistaste arquipélagos de utopia

Tinham lua bonita, canto de sereia sem chão
E quase desembarcaste a tua doce fantasia
Desviando do porto que aguardava teu coração.

Os ventos traziam-me recados em branco

E a vida apressada quis me adormecer de dor
À beira do cais, eu só queria teu olhar franco
E o tempo recôndito fortaleceu-me de amor.

Chegaste no contorno de uma onda inquieta

Resgatando pérolas de um sonho adormecido
Desembarcaste no meu porto de poeta
Ancorada na fé do meu abraço florido.

E hoje, esse porto que te parece seguro

Reforma a coragem para sempre te aportar
Se enfeita de paisagem aberta e sem muro
Mas já que desembarcaste, que seja pra ficar!

Autoria: Ilka Vieira

3 comentários:

  1. Amiga Ilka, assisti tantas vezes os teus desembarques pela vida, mas sinto que nenhum deles foi mais importante do que este que fizeste desembarcar alguém tomado de maturidade. Que beleza de poema!
    Bjsssss
    Soraya Simões

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